Município: Álvares Machado/SP
Tema: 02 - Atenção Básica
Autor(es)
FLÁVIA FERNANDA CATUSSI MARCONDES
LUCIANA VASCONCELOS DE JESUS SOUZA
DENISE VASCONCELOS DE JESUS FERRARI
NEIDE MARIA DE CASTILHO
TALITA CRISTINA MARQUES FRANCO SILVA
MARIANA CAROLINA VASTAG
REGIANE SOARES SANTANA
EDLAYNE LARISSA GRETTER MACHADO PEREIRA
ALESSANDRA MARTINS DA COSTA
MONICA RAFAELA DA GAMA
Apresentação/
Introdução:
Apresentação/Introdução:
O uso inadequado de medicamentos, alinhado à cultura de automedicação, espelham o uso irracional de medicamentos. Para a OMS o uso racional de medicamentos é um dos elementos-chave para uma boa política de saúde. No Brasil, essa temática compõe a Política Nacional de Medicamentos. Diante deste cenário, foi realizado em Álvares Machado e Presidente Prudente-SP, um projeto que alinhou as Secretarias Municipais de Saúde e a Extensão Universitária através da UNOESTE-Universidade do Oeste Paulista, por meio do curso de graduação de medicina. A temática do Projeto emanou das equipes de saúde das ESFs e UBS, que verbalizaram situações de uso indiscriminado e desorientado de medicamentos por uma parte considerável da população. O projeto foi pensado e desenvolvido em etapas, que incluíram o reconhecimento do território e o acompanhamento das famílias através de visitas domiciliares entre os acadêmicos e os ACS, onde foram identificados os problemas e as necessidades de cada família. Os problemas mais identificados foram: armazenamento inadequado; automedicação; horário e quantidades incorretas; interação medicamentosa; reação adversa; dificuldade de entendimento e adesão às orientações; uso associado de plantas medicinais sem indicação médica. Diante das demandas identificadas durante as VD, foram elaboradas estratégias por meio de plano de ação, utilizando habilidades e competências da comunicação em saúde, foram implantados os planos de ação, estreitando o vínculo com as famílias.
Objetivos
• Identificar os usuários polimedicados que utilizam medicamentos de forma inadequada, necessidades e dificuldades enfrentadas, para melhorar a gestão de medicamentos no domicílio. • Contribuir para o aprimoramento do cuidado em saúde da população, disponibilizando informações para possíveis mudanças na assistência farmacêutica nas ESF’s: prescrição, orientações, dispensação adequada, para melhor gestão domiciliar de medicamentos e possível otimização de recursos financeiros. • Contribuir para que o usuário, munido de informações, execute por si próprio, um comportamento consciente para sua saúde, identificando riscos, transformando sua realidade de saúde e cuidando do seu ecossistema (meio ambiente), garantindo assim o uso racional de medicamentos.
Metodologia
Visando a produção do conhecimento e a transformação das práticas de saúde, o projeto foi executado por meio de visitas domiciliares, em uma pesquisa de campo, onde utilizou-se alguns instrumentos como base para coleta de informações, identificação de possíveis problemas e elaboração de um plano de ação voltado ao usuário e/ou sua família. • Formulário de visita domiciliar: possibilita além da anamnese, analisar perfil social, adesão ao tratamento, problemas de saúde e ou possíveis queixas. • Calendário Posológico: um recurso visual para facilitar a adesão ao tratamento em pacientes polimedicados com dificuldades de leitura/alfabetização ou na organização de sua rotina medicamentosa. • Problemas relacionados à farmacoterapia: relação de problemas que podem ser identificados relacionados a adesão/compreensão ao tratamento medicamentoso. • Ficha de autoavaliação: possibilita ao acadêmico/profissional realizar uma autoavaliação quanto ao seu desempenho durante as visitas, envolvendo acolhimento, investigação e identificação de problemas/queixas de saúde. • Intervenções realizadas: relação das intervenções que podem ser realizadas, envolvendo informação, aconselhamento, monitoramento, reforço positivo ou até encaminhamentos, visando à melhor adesão ao tratamento.
Resultados
Um dos focos do projeto refere-se à responsabilização, acolhimento às demandas da família e sensibilização em relação às necessidades trazidas pelas mesmas. Foram identificados os seguintes obstáculos que dificultam o URM: armazenamento inadequado, automedicação, falta de orientação clara e objetiva, descarte inadequado, necessidade de orientação constante sobre o uso correto e seguro dos medicamentos. Os problemas mais identificados foram o armazenamento incorreto dos medicamentos e a descontinuação indevida do medicamento pelo paciente. As intervenções mais realizadas foram aconselhamento ao paciente/cuidador sobre a importância do tratamento medicamentoso sobre seus problemas de saúde e armazenamento correto dos medicamentos. Estes aconselhamentos foram realizados de forma educativa e orientativa, sem imposições, de forma a conscientizar o usuário sobre a necessidade de mudança de comportamento (“empowerment” do usuário), visando à autogestão racional e segura do uso de medicamentos. Foram realizadas também outras intervenções através de planos de ações de acordo com o perfil e necessidade de cada paciente: calendários e caixinhas posológicas de forma lúdica com identificação através de pictogramas, agendamento de consultas para adequação de receita médica, recolhimento de medicamentos vencidos, orientações de descarte adequado, atualização de carteiras de vacina, orientação sobre alimentação saudável, orientações sobre planejamento familiar e benefícios sociais.
Conclusões
Durante o desenvolvimento deste projeto ficou evidente a motivação dos atores envolvidos, impactados pela relevância do tema do URM, ressignificando suas práticas com mudanças nos hábitos de prescrever, orientar e gerir, mas em essência, com a contribuição do projeto em dar subsídios para o usuário, munido de informações, possa por si próprio executar um comportamento mais consciente. O incentivo ao estudo sobre URM forneceu ao acadêmico uma competência pouco enfatizada no ensino médico tradicional, pois estimula a reflexão sobre a prescrição médica, ética e segura, a racionalidade envolvida neste processo, bem como, seus riscos e benefícios, já que serão os futuros profissionais prescritores. Este contato com os pacientes fora do consultório propiciou além do conhecimento do território e da realidade vivida pelo usuário, um contato mais próximo também com os ACS e com os profissionais da equipe, ampliando seus conhecimentos sobre as atribuições e o papel de cada um desses profissionais na promoção e conscientização do uso seguro. Ficou comprovado a importância e a relevância social deste trabalho, pois promoveu a multiplicação do conhecimento e impactos tanto no acesso ao medicamento como na adesão ao tratamento.
Palavras-chave
uso racional de medicamentos; gestão informação